quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

O "esplêndido isolamento" do Reino Unido


A estratégia adoptada pelo Reino Unido caracterizava-se por uma participação no sistema europeu reduzida ao mínimo. Os Britânicos referiam-se ao seu país como o fiel da balança da Europa impedindo qualquer coligação de Potências de se tornar dominante. Esta prática podia ser adoptada pelos britânicos porque a sua posição geográfica lhes conferia uma grande vantagem defensiva e a sua marinha era superior a todas as outras então existentes. Entre 1875 e 1914, o exército britânico foi sempre o mais pequeno (mas não o mais barato) entre os exércitos das Grandes Potências europeias. Só em 1905 foi registada uma força ligeiramente superior a 200.000 homens, mas a Alemanha dispunha de um efectivo que era o triplo deste. No entanto, quando comparamos o poder naval das Grandes Potências da época, a situação inverte-se claramente conforme podemos ver no mapa seguinte

Tabela 1 - Tonelagem do poder naval


1880
1890
1900
1910
1914
Reino Unido
650.000
679.000
1.065.000
2.174.000
2.714.000
França
271.000
319.000
499.000
725.000
900.000
Rússia
200.000
180.000
383.000
401.000
679.000
Estados Unidos da América
169.000
240.000
333.000
824.000
985.000
Itália
100.000
242.000
245.000
327.000
498.000
Alemanha
88.000
190.000
285.000
964.000
1.305.000
Áustria-Hungria
60.000
66.000
87.000
210.000
372.000
Japão
15.000
41.000
187.000
496.000
700.000

Os números acima referidos sobre os exércitos não incluíam as tropas coloniais, espalhadas por um vasto império. A dimensão da marinha britânica procurava estar ajustada não apenas à defesa da Grã-Bretanha, mas também à manutenção do Império que cada vez mais se encontrava sob pressão das outras Potências. Kissinger explica-nos que «embora a França, a Alemanha e a Rússia estivessem frequentemente em conflito umas com as outras no Continente, elas sempre entraram em confronto com a Grã-Bretanha no ultramar. Apesar de a Grã-Bretanha possuir não só a Índia, Canadá e uma vasta porção de África, ainda insistia em dominar vastos territórios que, por razões estratégicas, desejava impedir que caíssem nas mãos de outra Potência embora não procurasse controlar directamente esses territórios. […] Essas áreas incluíam o Golfo Pérsico, a China, a Turquia e Marrocos. Durante a década de 1890, a Grã-Bretanha viu-se envolvida em confrontos sem fim com a Rússia no Afeganistão, à volta dos Estreitos e no Norte da China, e com a França no Egipto e em Marrocos.»

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