A estratégia
adoptada pelo Reino Unido caracterizava-se por uma participação no sistema
europeu reduzida ao mínimo. Os Britânicos referiam-se ao seu país como o fiel
da balança da Europa impedindo qualquer coligação de Potências de se tornar
dominante. Esta prática podia ser adoptada pelos britânicos porque a sua
posição geográfica lhes conferia uma grande vantagem defensiva e a sua marinha
era superior a todas as outras então existentes. Entre 1875 e 1914, o exército
britânico foi sempre o mais pequeno (mas não o mais barato) entre os exércitos
das Grandes Potências europeias. Só em 1905 foi registada uma força
ligeiramente superior a 200.000 homens, mas a Alemanha dispunha de um efectivo
que era o triplo deste. No entanto, quando
comparamos o poder naval das Grandes Potências da época, a situação inverte-se
claramente conforme podemos ver no mapa seguinte
Tabela 1 -
Tonelagem do poder naval
1880
|
1890
|
1900
|
1910
|
1914
|
|
Reino Unido
|
650.000
|
679.000
|
1.065.000
|
2.174.000
|
2.714.000
|
França
|
271.000
|
319.000
|
499.000
|
725.000
|
900.000
|
Rússia
|
200.000
|
180.000
|
383.000
|
401.000
|
679.000
|
Estados Unidos da
América
|
169.000
|
240.000
|
333.000
|
824.000
|
985.000
|
Itália
|
100.000
|
242.000
|
245.000
|
327.000
|
498.000
|
Alemanha
|
88.000
|
190.000
|
285.000
|
964.000
|
1.305.000
|
Áustria-Hungria
|
60.000
|
66.000
|
87.000
|
210.000
|
372.000
|
Japão
|
15.000
|
41.000
|
187.000
|
496.000
|
700.000
|
Os números
acima referidos sobre os exércitos não incluíam as tropas coloniais, espalhadas
por um vasto império. A dimensão da marinha britânica procurava estar ajustada
não apenas à defesa da Grã-Bretanha, mas também à manutenção do Império que
cada vez mais se encontrava sob pressão das outras Potências. Kissinger explica-nos que «embora a França,
a Alemanha e a Rússia estivessem frequentemente em conflito umas com as outras
no Continente, elas sempre entraram em confronto com a Grã-Bretanha no
ultramar. Apesar de a Grã-Bretanha possuir não só a Índia, Canadá e uma vasta
porção de África, ainda insistia em dominar vastos territórios que, por razões
estratégicas, desejava impedir que caíssem nas mãos de outra Potência embora
não procurasse controlar directamente esses territórios. […] Essas áreas
incluíam o Golfo Pérsico, a China, a Turquia e Marrocos. Durante a década de
1890, a Grã-Bretanha viu-se envolvida em confrontos sem fim com a Rússia no
Afeganistão, à volta dos Estreitos e no Norte da China, e com a França no
Egipto e em Marrocos.»
Sem comentários:
Enviar um comentário