A Acta de Algeciras (1906) atribuiu a várias Potências algumas tarefas em
Marrocos. Foi o caso da criação de uma polícia internacional nos oito portos
marroquinos abertos ao comércio externo, tarefa que foi atribuída à França e à
Espanha. Uma outra criação importante foi a de um Banco de Marrocos (Banque d'Etat du Maroc) para o que
várias Potências contribuíram através dos seus sistemas bancários, entre elas a
França e a Alemanha. Existia assim, pelo menos uma área em que deviam agir em
conjunto e, na realidade, essa cooperação funcionou bem.
Contudo, a França tinha conseguido ocupar posições chave em vários
sectores da vida económica marroquina e a agitação que se verificava naquele
reino justificou a oportunidade de para ali enviar mais forças militares. A
ingerência francesa e espanhola em Marrocos era cada vez maior, o que não
passou despercebido e não agradou aos Alemães. O Governo alemão decidiu
desenvolver uma política construtiva em relação à França e foi nesse sentido
que surgiu a Convenção Franco-Alemã de 8 de Fevereiro de 1909.
De acordo com esta Convenção, a Alemanha reconhecia que existiam interesses
políticos especiais da França em Marrocos e declarava que não pretendia causar
impedimento a esses interesses. No entanto, exigia algo em troca: a integridade
e independência do Reino de Marrocos e a salvaguarda do princípio da igualdade
económica, o que implicava não obstruir os interesses industriais e comerciais
alemães naquele território. A Convenção estabelecia também que nenhuma das
Potências deveria procurar obter ou encorajar outros a obterem privilégios
económicos e, o que era muito importante, comprometiam-se a associar os seus
nacionais ou as suas empresas em actividades em que uma delas conseguisse obter
uma concessão.
Parecia que a Alemanha estava a ir mais longe do que tinha admitido na
Conferência de Algeciras pois agora já aceitava a existência de interesses
políticos especiais da França em Marrocos. A possibilidade de associação de
franceses e alemães em actividades que tenham sido concessionadas a um deles
era, para os Alemães, a questão mais importante desta Convenção e, a 2 de Junho
de 1909, «propuseram estabelecer um condomínio económico de financiadores
franceses e alemães.»
O Governo francês compreendeu então que a Convenção de 8 de Fevereiro
abria a possibilidade de a Alemanha expandir as suas actividades em Marrocos
colocando este território dependente do arbítrio das decisões alemãs. Tal facto
não seria bem aceite pelo Reino Unido o que podia causar danos na Entente Cordiale. Durante os próximos
dois anos, a França iria colocar todos os entraves possíveis à aplicação da
Convenção de 1909. A França conseguiu desta forma salvaguardar muitos dos seus
interesses, mas o processo causou danos nas relações franco-alemãs.
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