Após o armistício de 31 de janeiro de 1878, foram negociadas as condições da paz entre a Rússia e a Turquia. Essas condições ficaram expressas num tratado assinado a 3 de março de 1878, em San Stefano (atualmente Yeşilköy), na margem europeia do Mar de Mármara. O Tratado de San Stefano foi, assim, um acordo bilateral entre o Império Russo e o Império Otomano, no qual se estabelecem uma série de decisões relativamente a territórios que se encontravam inteiramente sujeitos ou, no mínimo, sob suserania otomana, tanto nos Balcãs como na região do Cáucaso, Chipre, fronteira com a Pérsia e sobre os Estreitos do Bósforo e Dardanelos. [Texto completo do tratado (em inglês) em «The Preliminary Treaty of Peace, signed at San Stefano», https://pages.uoregon.edu/kimball/1878mr17.SanStef.trt.htm]
Os primeiros doze artigos do Tratado de Berlim (1878) eram dedicados à Bulgária que, tal como previsto no tratado anterior, passou a ser um principado autónomo e tributário sob suserania do Sultão. No entanto, o território da Bulgária, tal como foi definido em Berlim, era muito mais reduzido do que o que estava previsto anteriormente. A Macedónia ficou sob controlo direto do Sultão e a parte sul da Bulgária passou a formar uma nova província (artigo 13.º): «Uma província é formada a sul dos Balcãs que será designada como “Rumélia Oriental”, e permanecerá sob a autoridade política e militar direta de Sua Majestade Imperial, o Sultão, sob condições de autonomia administrativa. Terá um Governador-Geral cristão.» [Texto do Tratado de Berlim em HERTSLET, The Map of Europe by Treaty, Vol. IV, 1875 to 1891, 1891, pp. 2759-2799]
Nos artigos seguintes, tratava-se da administração de Creta (artigo XXIII) e definia-se a mediação, se necessário, para o acerto de fronteiras com a Grécia (artigo XXIV). «As Províncias da Bósnia e Herzegovina serão ocupadas e administradas pela Áustria-Hungria» (artigo XXV). A 28 de julho foi publicada uma proclamação destinada aos habitantes da Bósnia e Herzegovina sobre a entrada das tropas austríacas no território, o que começou no dia seguinte. «A independência do Montenegro é reconhecida pela Sublime Porta e por todas as Altas Partes Contratantes que ainda não o tinham admitido» (artigo XXVI). O Principado do Montenegro viu as suas fronteiras substancialmente alargadas, mas muito aquém do que tinha sido definido em San Stefano. Foi reconhecida a independência do Principado da Sérvia (artigo XXXIV) com alterações territoriais ao que tinha sido estabelecido no tratado anterior. A independência da Roménia também foi reconhecida (artigo XLIII). A Rússia ganhou parte da Bessarábia e alguns territórios na fronteira do Cáucaso, menos que o previsto em San Stefano.
O Tratado de Berlim não resolveu o problema dos Balcãs. Os novos Estados balcânicos não estavam satisfeitos com as decisões tomadas: a Roménia ressentiu-se da perda da Bessarábia do Sul a favor da Rússia; a Sérvia viu goradas as suas intenções de englobar os povos eslavos da Bósnia-Herzegovina que ficavam agora sob domínio austro-húngaro; a Bulgária porque perdeu a parte sul para a formação da Rumélia Oriental. Por outro lado, o Império Otomano sofreu uma humilhação por perder parte do seu território e também por ser obrigado a garantir a proteção das minorias cristãs, nomeadamente os Arménios, e a adotar reformas internas por imposição externa. Ficou claro que a integridade do Império Otomano, tão cara aos Britânicos, tinha os dias contados. No entanto, foi a reação da Rússia que mais inquietação causou a Bismarck. A Rússia teve de renunciar à criação de uma Grande Bulgária, onde exerceria uma forte influência, e a parte dos territórios conquistados na fronteira asiática com a Turquia. O Governo Russo acusou a Alemanha de favorecer a Áustria-Hungria. Apesar dos esforços desenvolvidos por Bismarck para manter o equilíbrio entre as duas Potências interessadas nos Balcãs, a Rússia rompeu os acordos de 1873, pondo fim ao primeiro sistema de alianças de Bismarck.
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